segunda-feira, 6 de julho de 2009

Análise da Identidade em Sites Sociais


Nesta actividade foi proposta a escolha e análise de um site social. Apesar do hi5 ser o site social mais utilizado em Portugal, a escolha do nosso grupo recaiu sobre o Orkut. Inicialmente destinado aos Estados Unidos, rapidamente se tornou o site social preponderante no Brasil, o que explica a sua relativa importância em Portugal, já que é particularmente alimentado por esta comunidade.
Pela análise dos critérios definidos – elementos pessoais, interacções, assuntos tratados, tipo de linguagem e aspecto gráfico, facilmente se conclui que estes sites sociais, tem objectivos e características comuns, identificados nas mensagens escolhidas:

Mensagem 1
"Viva

Os sites sociais são apenas mais uma das ferramentas virtuais à disposição dos jovens para a sua socialização, para a formação da sua identidade, da procura do "eu", muito embora resulte dos trabalhos efectuados que não se encontram esses "eus" de forma significativa ou, se assim o quisermos identificar, mais facilmente encontramos o que poderíamos designar de "eu" colectivo. Percebe-se, da parte dos jovens, “uma compreensão do mundo, uma identidade partilhada, uma busca de inclusão, um consenso com vista a um interesse colectivo” (Livingstone, 2005).As marcas identitárias foram encontradas por todos os grupos e não representam mais do que o que tinha sido estudado com base nos textos fornecidos na actividade anterior.Encontramos, claramente, uma diferença entre rapazes e raparigas no que respeita ao aspecto gráfico, na apresentação estética. As características identificadas em sites de rapazes são idênticas, maior agressividade em termos de texto e composição gráfica do site, menos identificação pessoal, menos revelações de si próprios, procurando garantir uma maior privacidade. As raparigas com um discurso mais terno e fraterno, com mais preocupações estéticas onde os emoticons se apresentam em grandes quantidades e onde os brilhos, as cores e as sensações parecem estar sempre presentes. Revelam-se mais e parecem não se preocupar com a privacidade identificando muitas delas a escola que frequentam, com todos os riscos que isso pode acarretar, bem como as inúmeras fotografias que se podem encontrar. Denotam aqui algum menor contacto com alguém que lhes tenha permitido uma integração no site dando a conhecer os perigos que daí poderiam advir. Como defendem Goldman e Mcdermott (2008), é importante a criação e a sustentação de um ambiente intergeracional que permita aos jovens a aquisição da capacidade de liderar.As preocupações estéticas, tal como o número de amigos, fives, comentários, são manifestações de afirmação pessoal, parecendo que esta é uma real necessidade. Gostam de sentir-se elogiados e a demonstração de conhecimentos tecnológicos para proporcionar um site agradável ao olho de quem observa, atractivo, é importante na rede social e marcante de uma posição na hierarquia do sucesso.No entanto, as características comuns a ambos os géneros continuam a ocupar um espaço importante de análise. Em ambos os casos, é evidente a necessidade de uma certa afirmação pessoal revelada pela "competição" entre todos pelo ceptro do número de amigos. Verdadeiramente, o número de amigos nem sempre corresponde aquilo que são os comentários, as participações e as interacções registadas. Verifica-se também que a maioria dos amigos está na mesma faixa etária e que a partilha de emoções se traduz em textos escritos com linguagem própria, nem sempre facilitada e com limitações linguísticas que podem ser importantes revelando, certamente, dificuldades em termos de escrita no futuro. Os jovens partilham experiências, encaram os sites como prolongamentos da sua vida, mas não fazem uma única referência à utilização do site com fins pedagógicos ou de aprendizagem.Muitos jovens analisam-se, fazem autocrítica, mostram os seus defeitos e este é um aspecto importante destes sites: a reflexão pessoal. Já Stern (2008), nos seus estudos de análise, referiu que a recompensa mais referida pelos jovens era a da possibilidade que a construção de sites lhes dava de fazerem uma que, de outra forma, dificilmente fariam. Trata-se de um aspecto muito importante, já que confere ao jovem a possibilidade de colocar-se no seu lugar e pensar em função de si próprio e não daquilo que acha que os outros devem "ver".Um aspecto preocupante detectado em vários sites é a diminuta leitura e referência a livros feita pelos jovens. Denota um afastamento que não é positivo em termos sociais e culturais. Outra preocupação é a do não acompanhamento destes espaços pelos educadores, em grande parte dos sites analisados, já que não é de crer que, sendo acompanhados, fosse permitido determinado tipo de linguagem ou comentário desagradável em relação a outrém, como encontramos algumas vezes. Por outro lado, há um ponto comum que é a música, fundamentalmente, anglo-saxónica, que os jovens ouvem e fazem-no em grandes proporções. Ouvem muita música e referem muitos grupos ou cantores conhecidos de todos e outros menos conhecidos do chamado grande público."
Rui Fernandes - Quarta, 3 Junho 2009)

Mensagem2
"Olá a todos
Concordo com a generalidade dos comentários. Parece que não existe grandes diferenças entre os vários sites sociais, nos seus elementos caracterizadores: diferenças entre géneros, estilo da linguagem, interacções muito frequentes e pouco reflectidas, uso de emoticons, assuntos relacionados com o quotidiano, grande utilização da imagem e, acima de tudo, a ideia de manter e fazer amigos na rede.
Como o Paulo afirmou "A função dos sites sociais é manter uma comunicação permanente entre os jovens , com o estabelecimento de uma rede de relacionamentos.". Adoptado que foi o provérbio "amigo de meu amigo, meu amigo será", o número de amigos é um dado importante e que confere "status" ao utilizador. Isto impossibilita o uso de uma linguagem mais reflectida ou o tratamento de qualquer assunto de um modo mais profundo, porque exige eficácia e rapidez na interacção. Também pode explicar a esmagadora maioria de interacções positivas observadas.
Tudo isto é um reflexo do modo como a tecnologia nos influência. Lembro que há duas ou três décadas falava-se no discurso telefónico: por influência da utilização do telefone as pessoas usavam frases curtas, bem mais perceptíveis numa comunicação à distância, na sua vivência normal. A comunicação em redes sociais faz-se adaptada a estes meios. No processo, a própria mentalidade dos jovens, está seguramente a modificar-se. Quando pensamos na leitura, muitos jovens deixaram pura e simplesmente de ler (eles próprios o afirmam) fora do ambiente escolar, embora tenham conhecimentos mais profundos e extensos sobre os assuntos que lhes interessam, que a geração anterior na sua idade, devido à utilização dos media digitais.
É pertinente a interrogação sobre a possibilidade de utilização destas redes pelos educadores, o que irá acontecer, em termos gerais e num futuro não muito distante. Não nos podemos esquecer que esta revolução está no início e a começar a acelerar."
(JP Curto – 12 de Junho de 2009)

Em conclusão, podemos afirmar que também aqui o processo é mais importante que o resultado. As marcas identitárias são comuns aos jovens que participam nestas redes sociais, servindo para a construção e reconhecimento da sua identidade. A questão que se coloca é como poderá a família e, em particular, a escola, utilizar o potencial dos blogues (e dos media digitais em geral), para a definição de novas estratégias e metodologias de ensino, susceptíveis de criar uma maior identificação e motivação por parte dos jovens. Também aqui, e como é referido por vários autores, existe um enorme campo de estudo que deve ser aproveitado e desenvolvido.

Sem comentários:

Enviar um comentário