sábado, 4 de julho de 2009

Media Digitais e Construção de Identidade Social

Nesta actividade seleccionei as duas mensagens seguintes, quer pela sua síntese sobre os textos abordados, quer pela análise feita à utilização dos media digitais geração mais jovem e a influência que estes media têm nas suas atitudes, na sua identificação pessoal e social e nas vantagens e desvantagens da utilização destes media, como “mediador de identidades e aprendizagem":

Mensagem 1
"Boa Tarde,
Numa primeira abordagem transversal aos diferentes artigos proposto e sintetizados pelos grupos é possível identificar diferentes teias de relação que se estabelecessem entre eles. A influência dos novos meios digitais na construção da identidade social dos jovens representa um novo paradigma. Um novo padrão assente em novos processos de construção e expressão do eu perante os outros, contextualizadas em novos espaços públicos de identificação e socialização. A revolução tecnológica e os inúmeros dispositivos de informação e comunicação que foram surgindo permitiram que, progressivamente, os jovens se apropriassem das suas características móveis, interactivas, portáteis e as moldassem aos seus interesses. Podendo assumir diferentes plataformas, conteúdos, linguagens ou abordagens torna-se claro que para compreender os adolescentes de hoje é necessário, antes de mais, analisar os espaços em que estes plasmam as suas novas formas de expressão, sejam
blogs, páginas pessoais, redes sociais, telemóveis, mundos virtuais, redes de partilha de vídeos, músicas, ou outras formas.
Nos diferentes trabalhos ressaltam um conjunto de considerações que importa referir:
1)» Os novos meios influenciam e modelam a identidade dos jovens. Num período de transição da infância para a idade adulta, é aqui que se jogam os novos processos identitários e de socialização. Como refere o grupo I “ Para muitos jovens do mundo industrializado, os media digitais são modalidades significativas através das quais os jovens, consciente ou inconscientemente, procuram respostas sobre o ‘eu que sou eu”
2) As novas tecnologias, pelas características acima referidas, exponenciam um novo tipo de construção identitária, dinâmica, móvel, em constante evolução.
3) Os novos espaços de socialização funcionam como espaço de pertença ou identificação inter pares, de validação social, de auto realização, de divertimento, de amizade e voyerismo social. Como refere o grupo 2 “ Esta é uma forma de construírem a sua própria identidade, onde existe uma coexistência entre a identidade pública e a privada, num jogo de representação onde as avaliações internas e externas contribuem para uma construção do "eu.”
4) As novas tecnologias permitem o aparecimento de novas formas de expressão criativa e cultural, potenciadas pelas possibilidades tecnológicas que permitem uma rápida edição, difusão e permuta de conteúdos, assentes numa cultura colaborativa e participativa.
5) O surgimento de novos processos de aprendizagem, assentes em processos de educação não-formal, muito para lá dos muros da escola.
6) A incompreensão e receio dos adultos face a essa nova realidade."
(Pedro Coelho do Amaral)

Mensagem 2
"Olá a todos
Concordando com o que foi dito pelo Pedro, a Paula e o Rui, pegaria nos aspectos referidos pela Filomena, que, quanto a mim, englobam toda esta temática (na perspectiva do adulto), sobretudo o último ponto, "reflectir sobre os efeitos das tecnologias na construção das identidades". Se as tecnologias têm um papel, cada vez mais importante, de mediador de identidades e de aprendizagem, compreender como este mediador actua, contribuirá seguramente para um melhor acompanhamento e orientação por parte dos adultos e uma mais significativa interacção entre estes e os jovens.
Os jovens, actualmente, lidam com interfaces de forte componente digital, para a construção da sua identidade e das suas redes sociais. Estes interfaces provocam naturalmente a uma maior colaboração, participação, criatividade e disponibilidade. A informação produzida, com base nestes media digitais, obriga ao seu domínio, o que se traduz numa tarefa colectiva.
Definitivamente, os jovens já se apropriaram dos interfaces digitais. Citando Pierre Lévy "Para inventar a cultura do futuro, teremos que nos apropriar dos interfaces digitais. E depois esquecê-los." (As tecnologias da Inteligência, Inst. Piaget, pag. 167). Perceber o modo como os jovens se apropriaram destas ferramentas digitais (isto é, como as utilizam e de um modo instintivo), penso que é determinante para entender o seu papel na construção da identidade social dos jovens. Ainda recentemente, em conversa com alunos do 8º ano, percebi porque alguns chegam com sono à escola: ficam a trocar sms até às 2h, 3h da manhã, no quarto às escuras (penso que até o conseguem fazer de olhos fechados). A "cultura do polegar", um dos aspectos da nova cultura, é uma cultura de rede social, de interacção entre os jovens.
Embora, como adultos, esta interacção virtual nos possa parecer um pouco estranha (talvez porque ainda não a compreendamos o suficiente) é importante para a aquisição de competências sociais e culturais.
Em conclusão, estamos a falar de novas características no processo de construção da identidade na adolescência. E a(s) minha(s) dúvida(s) reside(m) aqui. Que existem novas características, é visível nestes textos e universalmente aceite. Que o processo seja diferente, talvez sim, talvez não. Talvez sim, porque se a tecnologia muda a sociedade (e vice-versa), mudará também o processo (diferentes exigências aos jovens corresponderá a diferentes processos). Talvez não, porque na realidade a sociedade muda mais na forma que no conteúdo e, sendo assim, a adolescência será sempre uma época de descobertas, riscos, inseguranças e de afirmação social, de procura da sua identidade e do seu espaço como futuros cidadãos. Cabe-nos a nós criar espaços para que sejam cidadãos activos e participativos."
(João Paulo Curto)

Ao longo do debate desta unidade foi consensual que, sendo ferramentas de socialização, estes media, quando bem utilizados, são vantajosos para a construção de uma identidade social dos adolescentes. As desvantagens estão relacionadas quando se tornam um obstáculo para as interacções sociais na vida real. Neste caso, os problemas de socialização são provocados por causas que estão a montante da utilização destes media, relacionados com a transmissão de valores, atitudes e comportamentos seguros e claros. Os agentes e identidades significativas para a educação e formação dos jovens, como a família ou a escola, não se podem demitir do seu papel, o de "criar espaços para que os jovens aprendam a ser cidadãos activos e participativos."

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